Conímbriga implanta-se num esporão calcário, a 15 Km a sul de Coimbra. Trata-se de um extenso planalto, com uma altitude média de 105 metros, limitado a Norte e a Sul por dois vales profundamente entalhados, no último dos quais corre ainda a ribeira de Mouros, que desagua no rio Mondego.
De Sudoeste, tem-se um grande domínio visual, sendo quase seguro que, na Antiguidade, se avistava daqui o estuário do Mondego. Esta área de Conímbriga, hoje designada como "bico da muralha", é também o local onde o acesso ao sítio é mais difícil. O planalto apresenta, contudo, fraca defensabilidade no seu lado Este, onde se verifica a existência de uma vasta área plana.
A ocupação sidérica de Conímbriga foi antecedida de uma outra, imediatamente anterior, e datável do Bronze Final, esta talvez mais circunscrita à área do "bico da muralha". De facto, foi neste local que foram recolhidos abundantes materiais desta cronologia. Tudo indica ser na segunda metade do século VIII a.C., mais precisamente no seu final, que se verificam os primeiros contactos entre os habitantes de Conímbriga e os comerciantes fenícios que nesta mesma época chegaram à foz do Mondego.
Foi Vergílio Correia quem, em 1912 (Correia, 1916), encontrou a já célebre "camada pré-romana", a qual confirmava que o local tinha sido ocupado em época pré-romana, ocupação essa que o próprio topónimo já indiciava.
As escavações luso francesas dos anos 60 viriam a comprovar, plenamente, que Conímbriga era já habitada durante a Idade do Ferro, tendo sido sob o forum e nas termas de Trajano que foram encontradas as provas arqueológicas dessa ocupação, consubstanciadas em materiais cerâmicos e em fíbulas, e ainda em estruturas de tipo habitacional (Alarcão e Étienne ed. 1974-1979).
Os trabalhos de campo realizados na esplanada do templo flaviano e no "bico da muralha", em 1988 e 1989, viriam ainda a revelar mais espólio arqueológico desta época, bem como algumas estruturas habitacionais na primeira área referida (Arruda, 1988-89 e 1997).
Os trabalhos de campo realizados na esplanada do templo flaviano e no "bico da muralha", em 1988 e 1989, viriam ainda a revelar mais espólio arqueológico desta época, bem como algumas estruturas habitacionais na primeira área referida (Arruda, 1988-89 e 1997).
Sucessão de solos de argila na Sala 7
Não existe em Conímbriga, até ao momento, uma sequência estratigráfica vertical que compreenda a totalidade da ocupação pré-romana (pré e proto-histórica), uma vez que as construções civis e religiosas posteriores, de época romana, afectaram gravemente essa putativa estratigrafia, sendo assim difícil estabelecer cronologias relativas ou contemporaneidades prováveis entre materiais ou estruturas.
Na área escavada na esplanada do templo flaviano, as estruturas habitacionais detectadas consistem em fossas escavadas no tufo calcário, de forma geral ovóide, uma das quais possuía 6.40 metros de comprimento (Arruda, 1997). Sobre estes fundos de cabana, erguiam-se estruturas de madeira apoiadas em postes, cujas evidências revelaram, através de numerosos orifícios abertos no calcário.
Os solos destas habitações eram de argila compactada, única semelhança existente entre estas construções e outras encontradas na zona das termas de Trajano.
Os solos destas habitações eram de argila compactada, única semelhança existente entre estas construções e outras encontradas na zona das termas de Trajano.
Pormenor dos "buracos de poste" no tufo calcário